Aug 3, 2010
a vida é um moinho (pt)
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No último domingo aconteceu A vida é um moinho, um evento de solidariedade com @s morador@s da comunidade do Moinho, no meio do centro de São Paulo, em Bom Retiro entre as estacões de trem em Luz e Barra Funda.
linhas de trem limitam a favela em dois lados
Vários grupos do movimento hip hop e grafiteir@s organizavam o dia junto com a comunidade do Moinho para juntar comida e roupas para @s morador@s e para crescer o conhecimento sobre os problemas a comunidade enfrente. Mas além disso, o dia serviu também para mostrar os lados bons do lugar. O palco escolhido era impressionante, em cima da fábrica velha e abandonada (mas agora ocupada por morado@s), no meio do Moinho. Antigamente as casas e o terreno onde a favela do Moinho reside atualmente, eram parte da Fábrica Moinho Matarazzo. Tem mais informações sobre a história da família Matarazzo e o complexo industrial deles no dossiê O Grupo Matarazzo nas terras do município (Raízes, 2002) [pdf].
Algumas impressões: durante o dia inteiro um monte de crianças estavam lá eu foram super atraídas de todas as pessoas que brincavam, pulavam e rodavam as; de todas as pessoas com câmeras digitais: impressionante que essa criançada de 5 ou6 anos (estimados) já sabe como funciona uma câmera digital ou aprende isso em tempo zero – qual botão serve a tirar fotos – qual símbolo indica que a câmera e cheia – como dar uma olhada nos fotos tirados – e mas; de todas as pessoas que pintavam com as; da galera de hip hop: um menino da comunidade mostrava o breakdance dele – uma menina mc da comunidade cantava junto com dois dos mc’s convidados.
Varias pessoas mostravam a poesia deles, poesias prontas e improvisadas.
A galera de hip hop estava presente, a majoria deles homens mas tinha também uma mc feminina com djane (infelizmente não me lembro os nomes delas).
powa
A mc falou também sobre a situação precária da comunidade, sem água e eletricidade, e reclamou que isso já é um escândalo mas que o escândalo mais grande era a discissão da politica pública de São Paulo a fechar a água em 2009 e aceitar que a situação d@s morador@s ficará ainda mais precária, particularmente quando a gente pensa sobre centenas de famílias com muitas crianças que são excluídas de serviços comum e necessário para (sobre) viver numa maneira digna como água, eletricidade e saneamento.
Uma coleção de entrevistas e impressões super interessantes com morador@s de Moinho (e da ocupação Prestes Maia) pode se encontrado no texto Periferia é Periferia em qualquer lugar (Sampaio, 2007, p.59-74) [pdf].
Além da negação de água (existiram conexões ilegais antes de 2009) existiram (e existem ainda?) outras restrições para @s morador@s. Dois exemplos: os inabitantes não conseguiram uma endereço postal legal e tinham que usar endereços de vizinhos que vivem ao lado da favela para receber cartas (Sampaio, 2007, p.64); eletricidade existiu só através de conexões ilegais por que o servidor de eletricidade da cidade de São Paulo, Eletropaulo, resistiu instalar um rede elétrico por que o não considerou as inabitantes como don@s legais do terreno onde a favela fica (Sampaio, 2007, p.64).
O texto fala também sobre as comunidades dentro da comunidade de Moinho como as pessoas que ocupavam a fábrica, as pessoas que vivem nas quebradas, as pessoas que vivem ao lado das linhas de trem ou na entrada da favela, embaixo do viaduto.
Para mim, esse dia mostrou que cultura (a cultura de hip hop em este caso) pode informar pessoas de fora sobre uma situação non aceptável (aqui: a falta de água e outros serviços básicos). A cultura abre as portas dessas lugares que a gente normalmente não pode acessar e convidar as para aprender um poco sobre a situação local e as pessoas que vivem lá. Para mim, seria legal se mais morador@s da Moinha tivessem falado sobre os lados bons e ruins do ambiente del@s e do que mais informações e cartazes tivessem ser distribuídos para divulgar informações….
A recusa de acesso aos serviços básicos como água ou eletricidade é um exemplo que mostra que condições precárias de viver são imposto aos cidadãos. Isso significa uma recusa ao acesso e ao direito a cidade. A pergunta é agora como mudar essa situação…
Update 2010.09.03
Leia também uma matéria sobre A Vida é um Moinho no site RapNacional.
Referencias
Raízes, 2002. O Grupo Matarazzo nas terras do município, Available at: http://www.fpm.org.br/raizes/edicao25/pag5a22.pdf [Accessed August 2, 2010].
Sampaio, R., 2007. Periferia é Periferia em Qualquer Lugar, Universidade de São Paulo. Available at: http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/files/PeriferiaEPeriferiaEmQualquerLugar.pdf [Accessed August 2, 2010].
